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Denissena em cena artística, cultural e social ou a fortuna sociocultural de Denissena



Em cena o criativo e inquieto artista plástico, ilustrador, escultor e educador social Denissena. Nascido em Salvador, Bahia acredita que a arte “alimenta sua alma singela” e por meio dela pode contribuir na formação de consciência social crítica e de pertencimento às suas origens.
Na sua arte exposta em galerias, museus, vitrines entre outros espaços e diversos suportes percebem-se traços e influências dos antepassados que viveram nas matas do quilombo Cabula, uma verdadeira mistura de índio e negro, forjando sua arte na selva de cimento e asfalto da cidade grande - influência da mistura de etnias afro e indígena.
Denissena se autodenomina operário cultural - um artífice em luta e resistência para viver da arte no país. A sua assinatura é uma espinha de peixe que, segundo o artista “representa resistência - diálogo do passado com o
futuro”.
Denissena é microempreendedor individual (MEI) com perfil e características de empreendedor social e de cidadão comprometido com sua arte em prol da comunidade, especialmente os jovens a quem inspira e capacita para lidar com a arte graffiti. 
Até os oito anos, Denis viveu em companhia de sua avó Helena Sena na cidade de Mata de São João localizada a cerca de 60 quilômetros de Salvador. Suas referencias pessoais são a avó e a mãe Estela Sena a quias sempre dedicou atenção, carinho e respeito ao longo de suas vidas e são suas referências além dos amigos e sua fé. Autodidata, sua arte traz elementos afros, indígenas que remetem a sua ancestralidade.
Desde os sete anos, Denis desenhava livremente com um traço firme e imprimia muita expressão e força aos seus esboços. Em 1996 teve contato com o spray e o graffiti por meio do incentivo do professor de educação artística Henrique Burgos em uma exposição no Centro de Convenções.
Do desenho ao contato com graffiti foi se desenhando a trajetória do artista em seu cotidiano, dando sentido especial a sua vida e paixão pela arte, consolidando a percepção acerca da importância dela na comunicação, na cultura e na educação, na autoestima das comunidades à margem da sociedade. 
Acerca de 20 anos, desenvolve sua produção artística por meio de diferentes tipos de linguagens: caricaturas, desenhos, pinturas, arte digital, esculturas. Encontra mais liberdade de expressão no desenho e especialmente em graffiti por acreditar que “democratiza a arte no espaço urbano e é uma forma de expressão política, além de ser uma ferramenta de inclusão social”. Em sua opinião, o desenho em graffiti como arte urbana é “efêmero - pode estar no muro hoje e no outro dia, não”, como linguagem é “democrática, permite o acesso a todos, sem distinção” e “pode substituir armas de fogo”.
Também apoia iniciativas de arte coletiva e realiza palestras e oficinas por acreditar no potencial da arte no processso de aprendizagem e transformação social.
Morador do bairro do Cabula têm o compromisso com a juventude local, pois acredita “as artes visuais podem ampliar o acesso à cultura e a educação, resgatando a cidadania de jovens artistas que buscam oportunidade para expressar sua arte”.
Conhecer em 2000 o Projeto Cidadão que é conduzido por Antônio Jorge Nascimento Santos no Cabula I possibilitou ampliar sua rede de relacionamento e a experiência como educador social, reforçando suas crenças sobre o papel transformador da arte. No Projeto atua como voluntário e realiza oficinas gratuitas em arte grafitti aos jovens do Cabula e entorno.
Sua arte vem ganhando espaço pelo mundo. De fevereiro a março de 2007 fez um intercambio e apresentou exposições em Nova York; participaou da II Trienal de Luanda em 2010 e em Tóquio na galeria Okioiei também em 2010. 
Convidados a participar do projeto Turismo de Base Comunitária Cabula (TBC Cabula) em 2011 engajou-se na articulação com as comunidades do Cabula e entorno da Universidade por meio de sua arte e “na crença que arte, cultura e educação podem caminhar juntas por um desenvolvimento social mais equilibrado e justo”.
Em 2015, aceitou o convite da NC Agência de Comunicação imprimiu sua arte no ULengo Center em Luanda. Neste espaço urbano composto por um parque de diversões e shopping center o artista pintou uma aeronave de pequeno porte que faz parte do acerco do parque e no shopping, as paredes da sala de cinema.
A convite da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal do Paraná, em janeiro de 2015, realizou oficinas de arte contemporânea com jovens da Ilha Superagui e workshop de arte graffiti com os índios guaranis da região de Guaraqueçaba.
Suas obras podem ser vistas em exposições individuais e coletivas em galerias, centros de exposições e nos espaços urbanos da cidade do Salvador. Desde 2016, em parceria com a Fundação José Carlos Paes Mendonça montou o Ateliê Denissena no Salvador Norte Shopping piso L2, onde são realizadas mostras de pinturas em telas, arte digital, esculturas, caricaturas; faz customização em camisetas, havainas bonés e outros produtos. Mantém parceria com as marcas Vista Liberdade T-shirt, Realeza T-shirt e Loja Surf House (Feira de Santana, Bahia).
Atualmente preside a Associação de Grafiteiros da Bahia cujo objetivo principal é agregar artistas que utilizam essa linguagem possibilitando o acesso a arte contemporânea.
Desde 2016 participa do Projeto Arte no Salvador Norte Shopping em parceria com o Instituto João Carlos Paes Mendonça realizando oficinas, palestras nas comunidades que integram os projetos da entidade.
Denis afirma que a “contribuição de sua arte, expressa com humor e crítica está relacionado com suas crenças e valores - fé, paz, respeito ao outro e justiça social”. 

Texto: Fátima Frajão
Foto: George Vasconcelos


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