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Expo Grafite: Sinais Urbanos na Galeria dos Correios


Marcante na paisagem de grandes centros urbanos ao redor do mundo, o grafite ganha crescente visibilidade enquanto intervenção artística nas ruas de Salvador. Criar uma nova experiência entre grafiteiros e o espaço urbano é a proposta do projeto ‘Grafite: Sinais Urbanos’, que ocorre entre os dias 27 de janeiro e 12 de março, abrindo a programação cultural de 2011 do Centro Cultural Correios, no Pelourinho.

A fachada e as paredes internas do CCC, revestidas por painéis de madeira, serão o suporte para a arte de sete grafiteiros que despontam no cenário baiano: Afro, Charles Brak, Corexplosion, Denissena, Rebeca Silva, Samuca e Tarcio V. O próprio processo de criação dos artistas já serve como ponto de partida para a mostra, já que a partir das 10h do dia 27, todos eles estarão começando a grafitagem, que poderá ser acompanhada pelo público. O prazo para a conclusão das pinturas é de uma semana. Durante e após o período de criação, no qual o trabalho ficará exposto, o espaço estará aberto à visitação pública de segunda a sexta, das 10h às 18h, e no sábado, das 8h às 12h, com entrada gratuita.

Além de propor um novo olhar sobre a arte do grafite, o projeto concebido pela produtora Nadjaí Araújo com curadoria do artista plástico, crítico de arte e fotógrafo, César Romero, pretende criar um ambiente de troca e valorização da linguagem artística contemporânea, culminando com o lançamento de um livro-catálogo em 27 de fevereiro. O volume terá o registro fotográfico de todo o trabalho realizado no Centro Cultural com textos de César Romero, pesquisador do tema e autor de um livro, em fase de conclusão, sobre o grafite na Bahia.

“O projeto é curioso por trazer uma nova abordagem no trato da questão, quando o CCC transforma sua fachada e paredes internas em suporte para as intervenções. O público testemunhará e será co-partícipe das produções realizadas”, declara Cesar Romero. Ele ainda ressalta a convivência entre os sete artistas, onde cada qual, usando seu repertório pessoal, trabalhará somando vivências.
Durante o período em que a mostra estiver em cartaz, serão realizadas visitas de escolas públicas e oficinas de grafite gratuitas com os artistas que fazem a exposição. O projeto ‘Grafite: Sinais Urbanos’ conta com o patrocínio da Empresa Brasileira de Telégrafos, apoio da Millennium Chemicals, Platina Eventos e Gráfica Toda Cor.

SOBRE OS ARTISTAS

AFRO - é o codinome usado pelo artista plástico e grafiteiro Fábio Silva Mota, de 24 anos. Interventor da realidade urbana de Salvador desde 2001, Afro vem deixando seus personagens e letras, marca registrada de sua técnica, nos muros da cidade. Sua ancestralidade e resistência, através da geometria e traços impressionistas, são registros fortes em seu trabalho. Atualmente é graduando da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Alguns trabalhos do artista podem ser conferidos no endereço: www.flickr.com/photos/fabioafro.

CHARLES BRAK - Charles Souza Brito, o Charles Brak, desde criança costumava desenhar no papel. De um desenho a giz feito pelo vizinho num muro, veio a inspiração de transpor suas criações à parede e, desde então, não parou mais. Das atividades que exerce, é o grafite que garante seu desenvolvimento cultural. Seus trabalhos estampam mensagens de paz, críticas sociais e questões políticas e podem ser vistos em diversos pontos da cidade.

COREXEPLOSION - Conhecido como Corexplosion, ou Core, o grafiteiro e designer Marlon Maciel Santos, de 22 anos, tem o seu trabalho fortemente inspirado na cultura hip hop e em influências urbanas. Participou de inúmeras oficinas e deu aulas de grafite para crianças como voluntário. Além de ser webdesigner, já grafitou microcomputadores na Escola de Informática e Cidadania do Bairro da Paz e tem seu trabalho estampado em diversos muros da cidade. Para conferir o trabalho de Corexplosion, seu blog é: www.corexplosion.blogspot.com.

Denissena - é o nome artístico de Denis Sena, artista visual, ilustrador, escultor, grafiteiro e arte-educador baiano. Das experiências de pintura em tela, o grafite de rua e intervenções com sucata, descobriu sua paixão pela arte. Denissena é educador social e professor voluntário há 11 anos do Projeto Cidadão, ONG do bairro Cabula 1, onde foi criado e iniciou seu trabalho. O artista e operário cultural, como se define, já atuou como designer e realizou diversas palestras, workshops e exposições no Brasil e em outros países, como Estados Unidos, Japão e Angola. Mais informações no site do artista: www.denissena.com.

REBECA SILVA - As artes acompanham Rebeca Silva desde a infância. Graduanda em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes, da UFBA, decidiu aprimorar seus conhecimentos artísticos que permeiam a pintura, xilogravura, costura, toy art e a contação de histórias. De Itabuna para a capital, ela foi apresentada ao mundo urbano através do grafite, importante elemento que a compõe enquanto artista. Seu portfólio pode ser visto em: www.flickr.com/rebecasilva


SAMUCA - Foi durante a adolescência que Samuel Silva dos Santos, o Samuca, deixou fluir a vontade latente em expressar sua arte, quando iniciou suas primeiras pinturas em tela, desenhos e esculturas. Para o grafite, foi um pequeno passo. Em pouco tempo, já estava aliando suas insatisfações sociais à técnica dos sprays pelas ruas da cidade. Desde 2004, atua como arte-educador levando a arte do grafite para jovens da periferia, estudantes de escolas públicas e parcerias com ONGs. Seus trabalhos podem ser conferidos no blog: www.otalsamuca.blogspot.com/.

Tarcio Vasconcelos - mais conhecido como Tarcio V, é artista plástico, grafiteiro, ilustrador e estudante de Artes Visuais pela Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia. Desde os 16 anos de idade é fascinado pelo mundo da grafitagem e acredita na arte do grafite como ferramenta de inclusão social. Atualmente é arte-educador pela ONG ‘Crianças Raízes do Abaeté’ e já participou de diversas exposições e oficinas na Bahia, além de São Paulo e Pará. Alguns de seus trabalhos estão reunidos em: www.flickr.com/photos/tarciovm

SOBRE O GRAFITE

A princípio, associado à transgressão e ao vandalismo, além de ser confundido com pichação, o grafite adquiriu valor artístico na virada dos anos 70. Antes do seu reconhecimento enquanto arte ao longo de décadas, a grafitagem sempre serviu como ferramenta de expressão política de jovens e manifestações, como as que marcaram os movimentos contraculturais das ruas de Paris, em 1968. Ganhou visibilidade nas ruas de Nova Iorque na década de 70, como protesto de jovens insatisfeitos com as condições de vida dos grandes centros urbanos, ligado principalmente à cultura hip hop. O rompimento dos limites entre a cultura erudita e popular, dos ideais modernistas, garantiu ao trabalho dos grafiteiros o status de arte, além da sua crescente valorização ao redor do mundo.

SERVIÇO

Projeto ‘Grafite: Sinais Urbanos’
Quando: de 27 de janeiro a 12 de março, de segunda a sexta, das 10h às 18h e sábado, das 08h às 12h.
Onde: Centro Cultural Correios – Praça Anchieta, 20, Pelourinho
GRATUITO