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Hip Hop Brasil Entrevista com Denissena – O Operário Cultural


Entrevista com Denissena – O Operário Cultural

Publicado por | Publicado em 9 de agosto de 2012 | 0 Comentários postados
Arte Graffiti de Denissena

Arte Graffiti de Denissena

É isso aê manos e minas que estão a acessar o Portal Hip-Hop Brasil. Aqui quem vos fala é o Daniel Bahia, um dos mantenedores do Portal. Galera nessa semana estaremos entrevistando uma grande figura no cenário do graffiti da cidade de Salvador, o mesmo já representou o estado da Bahia em diversos lugares do mundo. Estou falando nada mais nada menos do que de Denissena, o Operário Cultural.

[Portal Hip-Hop Brasil] – Chegue mais mano Denissena! Então cara, nas palavras de Denis Sena, quem é Denissena, o Operário Cultural?

[Denissena] Sou um inquieto artista visual, humano, espiritualista, que mora na comunidade Quilombo Cabula 1 (Salvador-BA). Privilegiado por viver de arte, mas reconhece, que de fato , a arte o escolheu. Me denomino operário cultural pela minha luta, insistência e amo pela plasticidade contemporânea, em especial, o graffiti.

Assino Denissena, devido a importância da família, que é a base. Após a partida física da minha mãe Estersena, que partiu para outro plano espiritual, devido um câncer raro e incurável, conceituei uma nova tag, assim fortaleço o conceito família e identidade.

[Portal Hip-Hop Brasil] – Quando e porque você começou a fazer graffiti?

[Denissena] Tudo aconteceu através do desenho, que é a base. Me expressava nas paredes e banheiros das escolas públicas, que estudei. Transgredia naturalmente.

No ano de 1996, já se passaram 16 anos. Fui convidado pelo meu professor de artes a participar de um evento de decoração com a temática “Made in Brazil”, no Centro de Convenções. Graffitei um ambiente específico a quarto de adolescente, com a lata spray colorjet. Foi um grande ponta pé.

No ano de 2000, fui convidado a ser arte-educador através da ONG de voluntários Projeto Cidadão, localizado na comunidade Cabula 1 e coordenado pelo Antonio Jorge, conhecido como Toinho. Pessoa humana e especial. Tenho outras referências de incentivo, por exemplo a minha avó Helenasena e importantes amigos.

[Portal Hip-Hop Brasil] – Na sua visão, qual o contexto do Graffiti na atualidade dentro e fora do movimento e cultura Hip-Hop?

[Denissena] O graffiti tornou-se uma linguagem universal. Quando se fala em arte contemporânea é uma das principais referências. Há muitos jovens se expressando através dessa estética milenar, pois tudo começou através das pinturas rupestres, antes da língua falada.

Há muitos graffiteiros e crews se expressando pelo mundo, com influências da cultura Hip Hop ou não. Hoje, através da internet há possibilidades de diálogo, que gera até intercâmbios. Ampliou-se a visibilidade dessa arte e naturalmente está tocando nas pessoas, até porque, o graffiti é ferramenta de inclusão social.

[Portal Hip-Hop Brasil] – Seu graffiti segue mais o lado político, artístico ou ambos?

[Denissena] Ambos, sem duvidas. Tenho necessidade de abordar diversos temas, que envolve questões sociais. Tenho produções desde um barraco á um palácio.

Reflito na desigualdade, que ainda impera em nosso Brasil. Outra questão é a importância da valorização e resgate das nossas raízes, daí conceituo as influências das culturas indígena-afro Brasil e outras universais.

[Portal Hip-Hop Brasil] – Quais suas principais fontes de inspiração?

[Denissena] Minhas inspirações vem da natureza, culturas universais, minha família, comunidades e claro, a música, que alimenta todos os dias.

[Portal Hip-Hop Brasil] – Já ouve um tempo em que o graffiti era extremamente criminalizado. Ainda está assim? Ou a visão das pessoas mudou com relação ao graffiti?

[Denissena] Nunca me preocupei com isso, sempre acreditei na força que ela move, provoca e desperta. A arte transforma mesmo no mundo em guerras.

Vejo que muitas pessoas estão valorizando a plástica graffiti. Vale lembrar que, muitos foram torturados e mortos, pela necessidade da expressão transgressora.

O graffiti sempre será uma linguagem urbana da transgressão, por mais que hoje seja produto e siga vertentes. Não é moda e sim, manifesto.

[Portal Hip-Hop Brasil] – Uma dúvida e ao mesmo tempo vontade de muitos que começam a trampar com algum dos elementos do hip-hop é…. como sobreviver disso. Cara é possível sobreviver do graffiti? Se sim como a galera que está dando os primeiros passos pode começar a achar seu espaço ao sol?

[Denissena] Sim, nada é impossível. Até mesmo o conceito de morte é renascimento, ou seja, morre pra nascer. O novo. É necessário dedicação, fé e amor para sobreviver da arte na Bahia / Brasil. Organização é uma outra importante questão, que naturalmente, dará resultados.

O espírito empreendedor é fundamental, no mundo capitalista em que vivemos. A juventude reconhece a importância do movimento Hip Hop, pois é uma grande referência mundial. Essa é a grande luz, que desperta os passos para quem deseja aprender as linguagens dos 4 elementos, mesmo com todos os desafios. Até porque, há espaço pra todas pessoas viverem produzindo do que gostam.

[Portal Hip-Hop Brasil] – Já tive a oportunidade de ver seus trabalhos espalhados por vários pontos da cidade de Salvador, acredito que tenha rolado alguma parceria com os órgãos públicos. Como foi esse processo de chegar junto ao poder público e mostrar o valor da arte do graffiti?

[Denissena] No ano de 2003, o reconhecimento público veio através da ONG Projeto Cidadão, em parceria com a UNEB, Emtursa e Prefeitura Municipal. Foi histórico para nossa cidade do Salvador. Muitos graffiteiros baianos concorreram a dois concursos promovidos por essas instituições, para decoração dos tapumes da Praça da Piedade, Centro, no período dos carnavais de 2003 / 2004.

Foi um grande ponta pé para valorização e reconhecimento da linguagem graffiti em nossa cidade e estado Bahia. No ano de 2005, foi fundada AGEBA – Associação de Graffiteiros da Bahia. Hoje, coordenamos alguns eventos. Tudo isso são conquistas, com muita humildade e dedicação.

[Portal Hip-Hop Brasil] – Essa pergunta sempre faço pra galera, mas acredito que seja importante. Quais suas principais referências?

[Denissena] As minhas referências artísticas são as pesquisas que desenvolvo, aplico nas minhas aulas. Acompanho o que é novo, velho e estudo muitas imagens. Tenho importantes referências espirituais e humanas, tudo isso é uma soma contínua na minha vida.

[Portal Hip-Hop Brasil] – Para fechar essa nossa rápida entrevista, fale um pouco dos seus trabalhos, anseios e objetivos que deseja alcançar com o graffiti.

[Denissena] Exploro arte desenho, ilustrações, esculturas, instalações, performances e graffiti. Minhas produções estão espalhas pelos muros, galerias, instituições e ambientes de decoração. Sempre acreditei na minha arte e luto por ela, que é amiga da vida. Amo o que faço. Já tive reflexões, mas não medo. O mercado de arte aqui na Bahia é restrito, mas está crescendo e há espaço pra muitos que queiram sobreviver da arte.

O grande lance é que as coisas acontecem quando nós acreditamos. A minha arte é espiritual. Ela que me move e me faz acreditar que o futuro é agora.

Portanto, esse é o meu conceito: arte em tudo que é canto!

[Portal Hip-Hop Brasil] – Cara aproveitando a deixa, quais seus contatos para trabalhos?

[Denissena] Denissena, artista visual baiano
71 88118891
www.denissena.com
www.operariocultural.blogspot.com.br

É isso manos e minas!!!! Essa a entrevista como grande Denissena, o operário cultural, artística plastico do graffiti internacionalmente conhecido, mas sem deixar as bos influências familiares e de gente e sua terra. Valeu Denis!

Aproveitando, já adiantamos que Denissena estará fazendo uma exposição na Galeria de Arte do SESC Pelourinho (centro histórico de Salvador). A exposição Agdás Urbanos no Caminhos de Angola. Técnica spray sobre ágdas – 16 produções e arte digital estárá rolando durante o mês de outubro com entrada franca. Maiores informações entre em conato Denis através dos contatos informados ou fale com a equipe do Portal Hip-Hop Brasil que faremos os devidos encaminhamentos.

Conheça mais um pouco Denissena, o Operário Cultural

A forma com que se define é perfeita para quem conhece a paixão pela arte protagonizada por Denis Sena, artista visual, ilustrador, escultor, grafiteiro e arte-educador baiano. “Papelão, fósforo, cabelo, celular… Para mim, tudo é fonte de inspiração para customização. Tudo que toco vira arte”, conta o artista que se define como Operário Cultural.

Ele era ainda criança quando foi estimulado pelo pai a desenhar a mãe. A figura que surgiu no papel das mãos do pequeno Denis Sena, aos sete anos, não tinha nada de extraordinário, a não ser o amor que imprimiu em cada traço. Este mesmo sentimento inspira todos os trabalhos assinados pelo inquieto artista de múltiplas linguagens. Autodidata, Denissena – nome artístico que adotou recentemente como forma de reforçar o valor da família na sua trajetória – descobriu o amor pela arte experimentando a pintura em tela, o grafite de rua, as intervenções com sucata até a arte digital, que permite transformar pixels de desenhos que fotografa em imagens alteradas no computador.

http://www.hiphopbrasil.org/entrevista-denissena-operario-cultural/

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