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Expo denissena.grafite bahia na Caixa Cultural


Neste ano de 2010, Denissena traz seu fazer das ruas para um espaço nobre, a Caixa Cultural Salvador. Apresenta trabalhos inéditos, realizados especialmente para esta mostra. São pinturas, nas dimensões 100 x 100 cm, que abordam quatro possibilidades:Figuras que têm como essência a alma do grafite, rostos populares que circulam pela cidade, com suas singularidades, tomam toda a dimensão das telas trabalhadas em spray, que domina com absoluta segurança.

Adiante surgem abstrações, linhas grafitadas em várias direções, compondo um ritual imagístico de pulsante colorido. Há um cuidadoso fazer, festejando massas, volumes, que se sustentam no corpo do suporte. Partem do geometrismo indígena que o artista pesquisou e refez num labirinto, onde faixas se encontram, desencontram, atravessam espaços, sobrepõem-se num jogo lúdico.

Denissena tem paixão pelo jazz, acredita que a música sempre o torna melhor como artista e pessoa, e inspirado por ele criou duas telas que denominou de Plurais. Nestas, surge o pintor com maior autonomia. Massa corante de tons baixos deixa em vazados, pistons, trompetes, e ao lado direito de cada tela um rosto insinuado, que contemplam pássaros de silhuetas diluídas, em voos paralelos. Da parte superior dos quadros escorrem tintas gotejadas em tons solares, contrastando com o todo do espaço. Estes dois trabalhos apontam outra direção que vale explorar.
Por fim, os “toys”, que lhe remetem à infância, realizados em placas luminosas de propaganda da Coca-Cola com material produzido por garrafas pet recicladas, lembrando aparelhos de TV.
São sete desenhos de bonecos, de igual aparência, diferenciando-se pelas cores e elementos afros, que ele vê como registro de sete Erês, pendurados nas paredes por contas vermelhas. Surgem patuás, amuletos para trazer no pescoço, pendentes. Uma alusão a seu credo, o Candomblé.
Os “toys” são espécie de brinquedos criados por grafiteiros que, num conceito nascido no Japão na década de 90, se espalharam mundo afora para a cobiça de colecionadores. Inspirado no universo da Toy Art, Denissena criou este elemento visual, que chamamos de patoys. É extremamente comum nas cercanias mais simples o uso de cordões, “pratas”, que pendurados ao pescoço representam “status” e elemento embelezador. Algumas “pratas” se tornam famosas na vizinhança tanto pela quantidade do metal, quanto pelo trançado e pelas alegorias.
Denissena é um resumo do viver grafite, que professa como uma religião e faz dele direção e destino.

César Romero (artista visual, crítico ABCA/AICA)

Caixa Cultural
Av.Carlos Gomes,Centro Salvador/Ba
19 de outubro a 21 de novembro 2010

http://graffitibahia.arteblog.com.br/

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