E do nanquim se fez o desenho e do lápis se revelaram as cores de um
mundo vibrante, tão real quanto lúdico; tão doce quanto doloroso. Universo
pulsante e cheio de contrastes e contradições. Um diálogo, sempre sutil, entre
o real e o imaginário. Contrastes da vida cotidiana, moderna, contemporânea,
que mexe, provoca, instiga, desassossega.
É com esse olhar e esse minadouro de sentimentos que o artista Denissena
debruça sua percepção e seu talento sobre o mundo à sua volta. Se questiona.
Tenta entender. Traduzir em imagens. É dessa busca constante, que impede o
repouso e impulsiona a ação, que nasce a exposição “Inquietude na
Contemporaneidade”.
Uma exposição que revela toda a versatilidade desse artista baiano,
autodidata e arte-educador que consegue se expressar em múltiplas linguagens:
pintura, arte digital, escultura, desenhos e instalação. Ele, por si só, um
inquieto. “Minha fala é muito visual, tenho uma sensibilidade aflorada”, diz o artista.
Uma fala instigante e verborrágica, capaz de ocupar as duas galerias do Solar
do Unhão com muitas cores, todas elas, incluindo também o preto&branco.
Com 23 anos de uma trajetória marcada pela experimentação constante,
Denissena tem um erê dentro de si. Um menino que se liberta na hora que o
artista desenha pessoas e orixás com traços que revelam uma clara influência da
pop-arte.
Mas Denissena também carrega um caboclo dentro de si. O homem maduro e
sábio que se manifesta nos seus desenhos tão cheios de questionamentos sobre os
espaços sociais. Ele e suas inquietudes...
Mas, para além de tudo isso, Denissena cultiva dentro de si um poeta que
vê beleza em tudo e que traduz isso na sua arte digital, repleta de cores, de
doçura e de inquietudes.
Por tudo isso vale a pena conhecer e se deleitar com a arte viva e contemporânea
de Denissena.
Márcia Moreira
Jornalista / Escritora
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