Brasil Criativo por Denissena
por Conexão CulturalFazendo um tour pela Bahia, vamos conversar hoje com o artista Denissena! O baiano começou a criar desde pequeno, quando tinha 7 anos, seu pai pediu ao garoto para desenhar sua querida mãe. “ Não me lembro da imagem, mas foi algo que veio direto do coração e transportei aquele eterno sentimento na folha de papel.” Conta Denissena para o Conexão.
“Na minha infância morei com meus avós em uma simples fazenda, herança de família multi-étnica. Minha avó Helenasena foi responsável pelo incentivo artístico. Aprendi a fazer esculturas de argila na beira do rio, criava imagens com as pedrinhas que até hoje estão em frente da casa. Criava diversas imagens imaginárias com as nuvens no céu e fazia carrinhos com palha de coqueiro. Com o passar do tempo, comecei a pintar e reciclar, tudo que via virava arte. Meu processo lúdico foi e continua sendo extremamente importante para minha auto estima.”
Denissena na Casa Cor – Foto Xico Diniz
CC: Qual seria o lugar “sonho” para expor os seus trabalhos? “ Tenho sonhos cosmopolitas, mas acredito que meu singelo sonho é expor no Amazonas. Quero produzir nas aldeias indígenas. Ter contato direto com o povo de lá, dialogar com a minha arte e claro, somar com a cultura que nos pertence. A forma que eles cultuam a natureza é inspirador e me faz voar.”
“ Vejo minha arte cada vez mais política – Não devemos deixar morrer as nossas raízes! Deixei essa frase na parede da Galeria de arte, quando participei em 2010 da II Trienal de Luanda na Angola. Lá acontecem muitas transformações sócio-culturais, que até hoje me fazem refletir. Vale ressaltar que, na Angola a religião matriz é o Candomblé, que foi a primeira a chegar no Brasil e continua sendo referência para muitas pessoas que sonham em manter viva as raízes, porém em silêncio.”
Exposição Indígena Afro Brasil – Foto Inaiá Lua
Denissena contou um pouco para o Conexão sobre seu processo criativo… “ Minha base inicial é o desenho. Sou inquieto e gosto de explorar diversas linguagens da plasticidade contemporânea, a exemplo da arte digital, que está tão próxima de nós e cada vez mais somos seres tecnológicos. Uma boa parte do meu tempo estou produzindo no computador e claro, muita música para me inspirar. Me amarro em figuras humanas e na maioria das minhas criações, aplico iconografias de origem indígena-afro e outros elementos universais”
No Teatro UNEB – Foto Anderson Soares
CC: Como conectar mais os brasileiros com arte? “ Acredito na força da arte-educação. Depois da educação em casa, vem a escola e a rua. Outra questão importante é discutir políticas culturais, como aumentar as galerias de artes juntamente com parcerias de empresas públicas e privadas. Existem editais na área de artes visuais na cidade Salvador ,mas com uma pequena verba.”
“Hoje venho expondo em galerias, museus, shoppings, nas ruas e divulgando nas redes sociais. A democratização da arte é fundamental e deve ser difundida em todas classes sociais. Há 12 anos sou voluntário da ONG Projeto Cidadão e venho dando curso de graffiti na minha comunidade Cabula 1, antigo Quilombo. As aulas são gratuitas para pessoas interessadas em produzir.”
“A arte é cada vez mais importante no mundo em que vivemos, esse das transformações. A juventude por exemplo, está morrendo todos os dias. Muitos talentos sendo enterrados. Então o que posso ressaltar é que os livros, lápis, pincéis, guitarra, tambores e sprays são armas transformadoras, contribuem para o conhecimento.”
http://www.conexaocultural.org/2012/05/brasil-criativo-por-denissena/#more-6127
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